Neste blog verá abordadas as causas, as várias formas clínicas de tratamento e as implicações que a infertilidade acarreta nas mulheres.
Para uma melhor compreensão do tema e dos vários subtemas que irão ser abordados, serão ainda colocadas curiosidades e vídeos sobre os mesmos.
Todos podemos ter uma noção de o que é a infertilidade feminina ou
masculina em geral, mas se pensarmos bem, será que sabemos realmente a
definição de infertilidade e quando esta está implícita?
A infertilidade é uma perturbação no funcionamento dos órgãos
reprodutores, gâmetas ou os próprios órgãos sexuais. Um casal é
infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual
contínua sem métodos contraceptivos. Esta definição é válida para o casal com
vida sexual plena de amor e prazer, em que a mulher tem menos que 35 anos de
idade e em que ambos não conheçam qualquer tipo de causa de infertilidade que
os atinja. Obviamente, existem situações nas quais este tempo deve ser menor.
Por exemplo, quando a mulher tem mais de 35 anos deve procurar ajuda após 6
meses de tentativa. Também se considera infértil o casal que apresenta
aproximadamente mais de 3 abortamentos consecutivos.
Na formação de um novo ser, o encontro do oócito II com os espermatozóides,
no primeiro terço das trompas de falópio, permite que ocorra a fecundação. Após
a formação do ovo e a nidação deste no endométrio inicia-se um processo de
desenvolvimento continuo e dinâmico, com duração de 40 semanas, que termina com
o nascimento.
Fontes:
Manual 12º ano - Terra, Universo de Vida; Porto Editora
Por
alterações hormonais, a mulher pode ter períodos sem menstruação. Vários
distúrbios hormonais contribuem para a disfunção ovulatória, nos casos mais
graves pode ocorrer insuficiência ovárica prematura, situação em que o ovário
deixa de produzir folículos em mulheres com menos de 35 anos.
Nas etapas do processo
reprodutivo todo o sistema precisa de estar em perfeito funcionamento para
ocorrer a gravidez. As principais fases são a ovulação, a captação do
óvulo pela trompa de falópio , a fertilização deste pelo espermatozóide e,
por fim, a implantação do embrião formado no endométrio nas paredes do útero.
Falaremos agora de factores que evitam
que este processo se realize como:
Em cada
ciclo sexual normal, um folículo amadurece e expele um oócito II que de irá
romper a parede do ovário e prosseguir pelas trompas de Falópio em direcção ao
útero. Uma mulher que não seja capaz de completar esse amadurecimento do
folículo vai acumulando folículos atrofiados (quistos ováricos) no ovário que
não foram capazes de gerar ovulação tendo como consequência o aumento da
espessura da camada externa dos ovários.
Na
maioria dos casos, os quistos são inofensivos para a saúde da mulher, contudo,
são a causa da não ovulação. Sem a ocorrência da ovulação, o ciclo sexual não
se completa podendo provocar falta de menstruação, consequentemente,
hiperplasia endometrial (excesso de endométrio) e complicações metabólicas.
Tudo
isto é devido a um desequilíbrio entre a hormona LH e FSH, concluindo-se que a
situação tem origem numa disfunção do complexo hipotálamo-hipófise. A hormona
GnRH tem impacto directo nas foliculoestimulinas secretadas pela hipófise. Por
sua vez, a função dos ovários é regulada pela acção combinada de LH nas células
da teca e no corpo lúteo e de FSH nas células da granulosa sendo que são ambas
fundamentais ao amadurecimento dos folículos ováricos.Porém, as suas
concentrações necessárias são muito restritas uma vez que o seu excesso ou
carência impossibilitam o amadurecimento correcto devido a mecanismos de
feedback.
Na
doença dos ovários poliquísticos, há uma estimulação excessiva dos ovários pela
LH e um défice de FSH. A discrepância da concentração de LH em relação à de FSH
é a causa dos folículos atrofiados e está relacionada com a maior produção de
GnRH no hipotálamo.
Sintomas:
Em
resultado das anomalias descritas resulta muitas vezes hiperinsulinemia que tem
como uma das causas mais prováveis oaumento excessivo da libertação
de androgénios para o sangue causando hiperandrogenismo e aumento de peso. Este
distúrbio consiste num desequilíbrio entre hormonas femininas e masculinas
fazendo com que se manifestem sintomas como um aparecimento mais acentuado de
pêlos, acne e excesso de peso. Isto acontece maioritariamente
porque as células da teca dos ovários poliquísticos produzem testosterona em
excesso em resposta à estimulação da produção de LH.
Tratamento:
O diagnóstico faz-se a partir de uma ecografia ou pela medição da quantidade de
hormonas dos androgénios (hormonas masculinas que favorecem o
desenvolvimento dos orgãos genitais externos) na mulher, pois uma quantidade
elevada torna-se desfavorável.
As mulheres, principalmente adolescentes, que sofram
deste síndrome devem efectuar medicação de imediato para não sofrerem
de insuficiência prematura do ovário.
Na idade em que a mulher deseja engravidar, e se tal
não ocorrer espontaneamente após a paragem da medicação, a mulher deve efectuar
laparoscopia (procedimento cirúrgico, que consiste na utilização de
um instrumento que permite realizar diagnósticos e visualizar os
órgãos internos) para remover os quistos.
Em casos mais ligeiros, basta uma medicação com
análogos de factores de libertação hipotalâmicos (GnRH).
Aendometrioseé uma localização anormal de
fragmentos do endométrio que podem deslocar-se do útero para partes dos órgãos
pélvicos, útero, ovários, vagina, colo do útero, bexiga e recto.
A
causa exacta da endometriose é desconhecida, mas em alguns casos pensa-se que
ocorre porque fragmentos do endométrio que se desprendem durante a menstruação
não abandonam o corpo com o fluxo menstrual e sobem pelas trompas de Falópio até
à cavidade pélvica, aí, podem implantar-se e crescer junto a qualquer dos
órgãos pélvicos.
Estes
fragmentos deslocados do endométrio continuam a responder ao ciclo menstrual
como se ainda estivessem no útero, sangrando todos os meses. Esse sangue não
pode ser expelido provocando formação de quistos que podem atingir o tamanho de
uma laranja. O seu aumento de volume é responsável por muitas dores
associadas à endometriose.
Sintomas:
Os
sintomas da endometriose variam muito, sendo as hemorragias menstruais anormais
ou intensas bastante comuns. Podem ocorrer dores abdominais e/ou lombares,
durante a menstruação, agravando-se com a aproximação do fim do período.
Outros
sintomas possíveis incluem a dispareunia(dores nas relações sexuais) e
distúrbios digestivos, como a diarreia, obstipação ou defecação dolorosa. Mais
raramente, podem ocorrer hemorragias anais durante a menstruação, e em alguns
casos não provoca quaisquer sintomas.
Tratamentos:
A laparoscopia (exame da cavidade abdominal como um instrumento de observação)
confirma o diagnóstico. O tratamento depende de factores, como a idade e o
estado de saúde da doente. Alguns casos são ligeiros e não requerem tratamento.
Pode ser administrada mediação (incluindo o danazol, a progesterona ou a pílula
contraceptiva) para impedir a menstruação. Nos casos mais graves, para além dos medicamentos, pode ser necessária a remoção cirúrgica dos quistos. Se
a mulher não tencionar ter filhos ou estiver perto da menopausa, pode ser
considerada uma histerectomia, ou seja, uma remoção do útero.
Os tumores
malignos obrigam frequentemente à remoção cirúrgica do órgão, a quimioterapia
(QT) e a radioterapia (RT). Quer a QT, quer a RT (se for pélvica), são agentes
esterilizantes dos ovários. No caso dos tumores malignos atingirem os órgãos
genitais, pode haver necessidade de remoção cirúrgica do útero (histerectomia),
das trompas (salpingectomia) e/ou dos ovários (ooforectomia). A ooforectomia é
também uma opção frequente no cancro da mama.
Os órgãos do sistema reprodutor feminino produzem diversas secreções ao longo de todo o aparelho, se a
constituição destas secreções não é adequada, podem causar problemas
na fecundação e na implantação do óvulo. As
secreções vaginais agressivas, as secreções de muco anormal pelo colo do útero
e a produção de auto-anticorpos, fazem parte deste tipo de secreções.
Secreções vaginais agressivas
A
vagina tem várias glândulas que, conjuntamente com o colo do útero, produzem
secreções vaginais que, entre outros, permitem a lubrificação da vagina. Esta
lubrificação é essencial para a relação sexual e para impedir que seja alvo de lesões
ou infecções. Estas secreções têm um pH ácido e microorganismos que impedem a
proliferação de outros indesejáveis.
Por
vezes, devido a factores internos ou externos, as características das secreções
vaginais são alteradas. Isto pode ser derivado de infecções gerais, diabetes, ingestão
de antibióticos ou mesmo uma gravidez. Nestes casos, o pH das secreções pode
sofrer uma alteração brusca ou até mesmo destruir os microorganismo nelas existentes.
Nesta última hipótese, as bactérias destruídas seriam substituídas por outras
mais agressivas.
Por
outro lado, os espermatozóides têm um pH alcalino que contrabalança o ácido da
vagina. Desta forma, a passagem dos espermatozóides pela vagina pode ser
comprometida quer pelo pH das secreções quer pelas bactérias agressivas.
Muco cervical desfavorável aos espermatozóides
Ao aproximar-se do dia da ovulação a secreção cervical torna-se mais viscosa, elástica e abundante para facilitar a transição dos espermatozóides da vagina para o útero e para as trompas de Falópio para permitir a fecundação do oócito II. No entanto existem mulheres que o seu muco não é adequado e não preenche as necessidades. Para tomar conhecimento se o muco é competente ou não, a mulher é sujeita a um teste pós-coito realizado pelo seu ginecologista. O principal objectivo do teste pós-coito ou de Sims-Huhner é identificar a presença de espermatozóides vivos no muco cervical. O exame pode ser realizado de duas até 24 horas após o coito sendo o procedimento padrão realizado seis a oito horas.
Um outro objectivo do muco cervical, uma vez que humedece, lubrifica e
protege as paredes, como a cavidade uterina e o colo do útero.
Este
muco cervical é também responsável pela limpeza e selecção dos espermatozóides,
é por essa razão que é fundamental que este seja competente, caso contrário, os
espermatozóides não conseguem penetrar na cavidade uterina. As anomalias
registadas na qualidade das secreções, durante os dias férteis, provocam um
desequilíbrio hormonal, e consequentemente, um espessamento do muco cervical, o que dificulta ou impossibilita a penetração dos espermatozóides, impedindo, por
esta razão, uma possível fecundação.