sábado, 2 de novembro de 2013

O que é a infertilidade?

Todos podemos ter uma noção de o que é a infertilidade feminina ou masculina em geral, mas se pensarmos bem, será que sabemos realmente a definição de infertilidade e quando esta está implícita?

A infertilidade é uma perturbação no funcionamento dos órgãos reprodutores, gâmetas ou os próprios órgãos sexuais. Um casal é infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual contínua sem métodos contraceptivos. Esta definição é válida para o casal com vida sexual plena de amor e prazer, em que a mulher tem menos que 35 anos de idade e em que ambos não conheçam qualquer tipo de causa de infertilidade que os atinja. Obviamente, existem situações nas quais este tempo deve ser menor. Por exemplo, quando a mulher tem mais de 35 anos deve procurar ajuda após 6 meses de tentativa. Também se considera infértil o casal que apresenta aproximadamente mais de 3 abortamentos consecutivos. 



Fontes:

Processo de Reprodução Humana

 Na formação de um novo ser, o encontro do oócito II com os espermatozóides, no primeiro terço das trompas de falópio, permite que ocorra a fecundação. Após a formação do ovo e a nidação deste no endométrio inicia-se um processo de desenvolvimento continuo e dinâmico, com duração de 40 semanas, que termina com o nascimento.




Fontes: 
Manual 12º ano - Terra, Universo de Vida; Porto Editora

Principais Causas de Infertilidade Feminina

   Por alterações hormonais, a mulher pode ter períodos sem menstruação. Vários distúrbios hormonais contribuem para a disfunção ovulatória, nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência ovárica prematura, situação em que o ovário deixa de produzir folículos em mulheres com menos de 35 anos.
  Nas etapas do processo reprodutivo todo o sistema precisa de estar em perfeito funcionamento para ocorrer a gravidez. As principais fases são a ovulação, a captação do óvulo pela trompa de falópio , a fertilização deste pelo espermatozóide e, por fim, a implantação do embrião formado no endométrio nas paredes do útero.
Falaremos agora de factores que evitam que este processo se realize como:
  • Síndrome dos Ovários Poliquísticos
  • Endometriose
  • Tumores Malignos
  • Secreções Anormais
  • Anomalias de Cariótipo
  • Patologia Uterina
  • Obstrução das trompas de Falópio
  • Malformações Anatómicas
  • Gravidez Ectópica
  • Repetidos Abortos
  • Causa desconhecida 


Fontes:

Síndrome Do Ovário Poliquístico

  Em cada ciclo sexual normal, um folículo amadurece e expele um oócito II que de irá romper a parede do ovário e prosseguir pelas trompas de Falópio em direcção ao útero. Uma mulher que não seja capaz de completar esse amadurecimento do folículo vai acumulando folículos atrofiados (quistos ováricos) no ovário que não foram capazes de gerar ovulação tendo como consequência o aumento da espessura da camada externa dos ovários.

Na maioria dos casos, os quistos são inofensivos para a saúde da mulher, contudo, são a causa da não ovulação. Sem a ocorrência da ovulação, o ciclo sexual não se completa podendo provocar falta de menstruação, consequentemente, hiperplasia endometrial (excesso de endométrio) e complicações metabólicas.

Tudo isto é devido a um desequilíbrio entre a hormona LH e FSH, concluindo-se que a situação tem origem numa disfunção do complexo hipotálamo-hipófise. A hormona GnRH tem impacto directo nas foliculoestimulinas secretadas pela hipófise. Por sua vez, a função dos ovários é regulada pela acção combinada de LH nas células da teca e no corpo lúteo e de FSH nas células da granulosa sendo que são ambas fundamentais ao amadurecimento dos folículos ováricos.Porém, as suas concentrações necessárias são muito restritas uma vez que o seu excesso ou carência impossibilitam o amadurecimento correcto devido a mecanismos de feedback.

Na doença dos ovários poliquísticos, há uma estimulação excessiva dos ovários pela LH e um défice de FSH. A discrepância da concentração de LH em relação à de FSH é a causa dos folículos atrofiados e está relacionada com a maior produção de GnRH no hipotálamo.

Sintomas: 

Em resultado das anomalias descritas resulta muitas vezes hiperinsulinemia que tem como uma das causas mais prováveis o aumento excessivo da libertação de androgénios para o sangue causando hiperandrogenismo e aumento de peso. Este distúrbio consiste num desequilíbrio entre hormonas femininas e masculinas fazendo com que se manifestem sintomas como um aparecimento mais acentuado de pêlos, acne e excesso de peso. Isto acontece maioritariamente porque as células da teca dos ovários poliquísticos produzem testosterona em excesso em resposta à estimulação da produção de LH.

Tratamento:

O diagnóstico faz-se a partir de uma ecografia ou pela medição da quantidade de hormonas dos androgénios (hormonas masculinas que favorecem o desenvolvimento dos orgãos genitais externos) na mulher, pois uma quantidade elevada torna-se desfavorável. 

As mulheres, principalmente adolescentes, que sofram deste síndrome devem efectuar medicação de imediato para não sofrerem de insuficiência prematura do ovário. 
  
Na idade em que a mulher deseja engravidar, e se tal não ocorrer espontaneamente após a paragem da medicação, a mulher deve efectuar laparoscopia (procedimento cirúrgico, que consiste na utilização de um instrumento que permite realizar diagnósticos e visualizar os órgãos internos) para remover os quistos. 
  
Em casos mais ligeiros, basta uma medicação com análogos de factores de libertação hipotalâmicos (GnRH).

Ovário normal e ováriopoliquístico






Fontes:

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Endometriose

  A endometriose é uma localização anormal de fragmentos do endométrio que podem deslocar-se do útero para partes dos órgãos pélvicos, útero, ovários, vagina, colo do útero, bexiga e recto.

A causa exacta da endometriose é desconhecida, mas em alguns casos pensa-se que ocorre porque fragmentos do endométrio que se desprendem durante a menstruação não abandonam o corpo com o fluxo menstrual e sobem pelas trompas de Falópio até à cavidade pélvica, aí, podem implantar-se e crescer junto a qualquer dos órgãos pélvicos.

Estes fragmentos deslocados do endométrio continuam a responder ao ciclo menstrual como se ainda estivessem no útero, sangrando todos os meses. Esse sangue não pode ser expelido provocando formação de quistos que podem atingir o tamanho de uma laranja. O seu aumento de volume é responsável por muitas dores associadas à endometriose.


Sintomas:

Os sintomas da endometriose variam muito, sendo as hemorragias menstruais anormais ou intensas bastante comuns. Podem ocorrer dores abdominais e/ou lombares, durante a menstruação, agravando-se com a aproximação do fim do período.
Outros sintomas possíveis incluem a dispareunia(dores nas relações sexuais) e distúrbios digestivos, como a diarreia, obstipação ou defecação dolorosa. Mais raramente, podem ocorrer hemorragias anais durante a menstruação, e em alguns casos não provoca quaisquer sintomas.

Tratamentos:

A laparoscopia (exame da cavidade abdominal como um instrumento de observação) confirma o diagnóstico. O tratamento depende de factores, como a idade e o estado de saúde da doente. Alguns casos são ligeiros e não requerem tratamento. Pode ser administrada mediação (incluindo o danazol, a progesterona ou a pílula contraceptiva) para impedir a menstruação. Nos casos mais graves, para além dos medicamentos, pode ser necessária a remoção cirúrgica dos quistos. Se a mulher não tencionar ter filhos ou estiver perto da menopausa, pode ser considerada uma histerectomia, ou seja, uma remoção do útero.



Fontes:
http://www.ginendo.com/endometriose.htm
Guia médico da editora Salvat - Volume

Tumores malignos

Os tumores malignos obrigam frequentemente à remoção cirúrgica do órgão, a quimioterapia (QT) e a radioterapia (RT). Quer a QT, quer a RT (se for pélvica), são agentes esterilizantes dos ovários. No caso dos tumores malignos atingirem os órgãos genitais, pode haver necessidade de remoção cirúrgica do útero (histerectomia), das trompas (salpingectomia) e/ou dos ovários (ooforectomia). A ooforectomia é também uma opção frequente no cancro da mama.

Fontes:

Secreções anormais

Os órgãos do sistema reprodutor feminino produzem diversas secreções ao longo de todo o aparelho, se a constituição destas secreções não é adequada, podem causar problemas na fecundação e na implantação do óvulo. As secreções vaginais agressivas, as secreções de muco anormal pelo colo do útero e a produção de auto-anticorpos, fazem parte deste tipo de secreções.

Secreções vaginais agressivas

A vagina tem várias glândulas que, conjuntamente com o colo do útero, produzem secreções vaginais que, entre outros, permitem a lubrificação da vagina. Esta lubrificação é essencial para a relação sexual e para impedir que seja alvo de lesões ou infecções. Estas secreções têm um pH ácido e microorganismos que impedem a proliferação de outros indesejáveis.

Por vezes, devido a factores internos ou externos, as características das secreções vaginais são alteradas. Isto pode ser derivado de infecções gerais, diabetes, ingestão de antibióticos ou mesmo uma gravidez. Nestes casos, o pH das secreções pode sofrer uma alteração brusca ou até mesmo destruir os microorganismo nelas existentes. Nesta última hipótese, as bactérias destruídas seriam substituídas por outras mais agressivas.

Por outro lado, os espermatozóides têm um pH alcalino que contrabalança o ácido da vagina. Desta forma, a passagem dos espermatozóides pela vagina pode ser comprometida quer pelo pH das secreções quer pelas bactérias agressivas.

Muco cervical desfavorável aos espermatozóides

Ao aproximar-se do dia da ovulação a secreção cervical torna-se mais viscosa, elástica e abundante para facilitar a transição dos espermatozóides da vagina para o útero e para as trompas de Falópio para permitir a fecundação do oócito II. No entanto existem mulheres que o seu muco não é adequado e não preenche as necessidades. Para tomar conhecimento se o muco é competente ou não, a mulher é sujeita a um teste pós-coito realizado pelo seu ginecologista. O principal objectivo do teste pós-coito ou de Sims-Huhner é identificar a presença de espermatozóides vivos no muco cervical. O exame pode ser realizado de duas até 24 horas após o coito sendo o procedimento padrão realizado seis a oito horas.

Um outro objectivo do muco cervical, uma vez que humedece, lubrifica e protege as paredes, como a cavidade uterina e o colo do útero.

Este muco cervical é também responsável pela limpeza e selecção dos espermatozóides, é por essa razão que é fundamental que este seja competente, caso contrário, os espermatozóides não conseguem penetrar na cavidade uterina. As anomalias registadas na qualidade das secreções, durante os dias férteis, provocam um desequilíbrio hormonal, e consequentemente, um espessamento do muco cervical, o que dificulta ou impossibilita a penetração dos espermatozóides, impedindo, por esta razão, uma possível fecundação.



Fontes:

Anomalias no Cariótipo

  O cariótipo é um exame que permite analisar a constituição cromossómica de um indivíduo. É geralmente efectuado através de uma análise de sangue.

  Na mulher, uma alteração do número ou da estrutura dos cromossomas pode estar associada a alterações da ovulação, produção de óvulos imaturos ou anormais, ou ainda a falência prematura do ovário.

     Anomalias do cariótipo da mulher ou do homem podem ainda provocar falhas da implantação dos embriões, abortamentos de repetição ou anomalias do embrião e do feto.

Fontes:

Patologias uterinas

Há várias patologias que poderão causar infertilidade nas mulheres, como:
- Fibromiomas. Os fibromas são tumores benignos do músculo liso (miométrio) do útero. Podem impedir a gravidez por ocupação de espaço e, se fizerem proeminência na cavidade uterina, dificultam a implantação do embrião e pode induzir um aborto. 

De um modo geral, a mulher não tem consciência que tem um fibromioma até o seu ginecologista o palpar durante um exame ginecológico. Se o ginecologista pensar que tem um fibromioma, podem ser realizados diversos exames para confirmar o diagnóstico: 
1.     Ecografia pélvica - Neste exame imagiológico, um instrumento semelhante a uma varinha será movimentado sobre a parte inferior do abdómen ou pode ser inserido na vagina para visualizar o útero e os outros órgãos pélvicos mais de perto. O instrumento produz ondas de ultra-sons que criam uma imagem dos órgãos pélvicos.
2.     Histerossalpingografia - Neste exame radiológico é injectada uma substância de contraste no útero e nas trompas de Falópio para delinear quaisquer irregularidades.
3.     Histeroscopia - Durante este procedimento, um instrumento estreito com uma câmara é inserido no útero através da vagina. Isto permite ao médico observar quaisquer tumores anormais dentro do útero.
4.     Laparoscopia - Neste procedimento, um instrumento com a forma de um tubo fino, denominado laparoscópio, é inserido através de uma pequena incisão no abdómen para permitir ao médico observar o interior do abdómen. 
- Pólipos. São tumores benignos pediculados do endométrio. Causam frequentemente hemorragias, impedem a implantação devido a ocuparem espaço e a desencadearem inflamação, e podem induzir abortamento. O tratamento consiste em retirar o pólipo totalmente.

- Hiperplasia do endométrio. Por desregulação hormonal ou infecção crónica, o endométrio pode espessar de tal modo que impede a implantação do embrião e induz um aborto. O tratamento para hiperplasia do endométrio vai depender do tipo de hiperplasia que a mulher possui e da sua gravidade, mas as opções terapêuticas incluem: curetagem do tecido endometrial ou uso de medicamentos como progesterona ou progestágenos sintéticos por via oral, intramuscular ou intrauterina. Após o tratamento aconselha-se a realização de uma biópsia do tecido endometrial para verificar o sucesso do tratamento.

- Hipoplasia do endométrio. Se o endométrio não crescer (12-14 mm) na altura da implantação, défice significativo da espessura, a gravidez dificilmente poderá ocorrer. Deve-se a défices hormonais ou a mutações genéticas nos receptores de progesterona e dos estrogénios.

- Endometrite. As infecções silenciosas do endométrio são frequentes, sendo geralmente causadas por bactérias de transmissão sexual ou pós-curetagem (micoplasma, clamidea, listeria). Em casos menos frequentes, pode ser devida à infecção persistente pelo parasita protozoário toxoplasma ou pelo vírus do colo uterino HPV (vírus do papiloma humano). Estas infecções impedem a implantação e podem causar um aborto. Para tratar esta condição a mulher terá de ser sujeita a antibióticos e a uma raspagem uterina.

- Sinéquias. São aderências (cicatrizes) do endométrio, geralmente secundárias a infecções genitais ou à curetagem (raspagem) do endométrio durante a interrupção voluntária da gravidez (IVG ou abortamento provocado). Dificultam a implantação e podem induzir a abortos. As sinéquias uterinas, dependendo do seu grau, podem ser de tratamento simples ou complexo. Só os casos simples, em que os pontos de referência são claros, devem ser tratados em consultório. Os outros, devido ao risco de ruptura uterina, necessitam de tratamento histeroscópico e laparoscópico combinado, não devendo por isso ser tratados em consultório mas sim no bloco operatório. A retirada da sinéquia pode ser efetuada com tesoura ou com energia bipolar, usando elétrodo de corte.





Pólipos 


Fibromiomas


Fontes: